sexta-feira, 18 de setembro de 2015

CASAMENTO COM MEUS DEFEITOS


05/2015

Texto homenageado dessa semana

Autora: Renata Mofati

CASAMENTO COM MEUS DEFEITOS

Acordo fazendo um acordo com o desacordo de minha vida
Acordes de meu violão desafinam o que seria uma sinfonia

Entrego-me a um mundo “prego’
Digo sim ao que na verdade nego
Repito o que já foi dito
Faço do silêncio à vontade de dar um grito

Rôo as unhas, balbucio tolas palavras
Penso no que sou e em quem amava
Não vejo televisão
Mas sei exatamente o que ela diz
São os pensamentos mais sem noção
Que me deixam inutilmente feliz

Ouço o abrir da porta
Sinto-me sozinha em casa
Tudo o que vai, um dia volta
Dou-te a liberdade, mas não quer ter asa

Não tenho raiva de tuas toalhas penduradas
Nem de teus chinelos estranhos embaixo da cama
Nada posso cobrar, porque subo embriagada as escadas
E com outras pessoas amarroto o meu velho pijama

As cervejas estão fechadas na geladeira
À espera de mais um gole
Os medos estão em minha cabeça
Espero que não me julgue, não me amole

As rações dos peixes estão dentro do armário
Remexo o meu mundo ao reler o meu diário
Abro a porta para o nada sempre dou um sorriso
Não aceito a idéia de que crescer é ter juízo

Os anos passam, o aniversário também acaba
E o mundo que hoje me acende,
Amanhã também me apaga
Sou casada comigo mesma, com os detalhes de meus defeitos
Sou uma mistura de otimista e inconstante
Mas, me aceito e me tolero desse jeito

Nem sempre eu me entendo
E não é sempre que atendo
Não leio cartas já abertas
Não atendo campainhas em horas incertas

São poucas as coisas que cedo
Durmo tarde e acordo cedo
Prezo minha liberdade e sossego
Insistências me metem medo

Sou dos amigos, do mundo e do bar
Nem tudo gira em torno de um par
E assim... casada comigo mesma
Eu tento me suportar.

sábado, 5 de setembro de 2015

SER POETA > Lia Márcia



Poeta da semana > Lia Márcia Leite Amaro

004/2015



SER POETA

Poeta, eu?
Não, jamais serei.
Dizem que ser poeta
É saber traduzir em rima tudo da vida.

Poeta, eu?
Nem mesmo sei dar nomes
A meus versos sem rimas
E que ninguém saberá dar

Se ser poeta é saber escrever,
Jamais o serei, jamais
Se escrevo é para os que sabem
Amar e sentir minhas palavras.

Se ser poeta é saber amar
Em um dia, talvez,
Possa dizer com imenso orgulho:
Sim, eu sou poeta!