Para esta edição escolhido o poema de José Arrabal Fernandes
007/2015
Minhas mãos ficaram velhas,
Estão feias e queimadas,
Cheias de pintas senis,
Também, trabalharam tanto,
Mergulharam tantas vezes
Em solução detergentes,
Tantas luvas de borracha,
Nesta minha profissão,
E foi o que aconteceu:
Elas, depressa, ficaram
Muito mais velhas que eu.
Agora sinto remorso,
Não tive tempo vadio
Para lhes dar atenção.
Minhas tristes mãos fanadas.
As ferramentas usadas,
No meu ofício tão nobre,
Na medicina geral,
Mãos de velho,
Mãos de pobre,
Mas símbolos de grandeza,
Jamais usadas em vão.
Não roubaram, nem bateram,
Só souberam trabalhar.
Ás vezes ponho nos bolsos,
Mas, logo, me lembro e tiro,
Levanto-as alto pro ar,
É meu diploma de honra!
Mesmo feias, enrugadas,
São as marcas registradas
De uma vida a respeitar.
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