quarta-feira, 11 de novembro de 2015

PENA




PENA

Todas as respostas sem pena
Sejam legítimas; não idiotas
Nesse momento de maturidade
Seja ético e sem tempestade.

No diário, escrevo com a pena
Desde o nosso primeiro ficar
Quando num pacto de amar
Entre o imaginário e o real.

Acredito que eu seja um canário
Se não canto morro!
Tenho de conviver com isso,
Pena que me causa pena!

Essa história poderá ser caracterizada
Entre o puritanismo e o sensacionalismo Somos conto de fadas!
Amor patético, provocante obsessivo.

Que pena! Fica aquém do romance?
Sem domínio perfeito da escrita
Construída por uma pena! Dá pena!
Uma história simples, mal frita.

Solidário! Invisto no amor,
Na alegria e na vida de cada dia
De tanto que acredito, ergueu-se uma armadilha
E quem caiu? Fui eu! Numa tremenda covardia.

Ontem foi tudo pena!
Hoje somos somente penas
Amanhã a narração o fará com a pena.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

APRENDIZADO


Túnel do tempo
Para esta edição escolhido o poema de ALMIR GUEDES

Faleceu em 28/05/1988

Nº 008/2015

Aquietar-se
Ouvir os sons dentro do silêncio
Sorver o infindável,
O ilimitado.

Deixar que um véu
De luz macia
E brilhante
Envolva a consciência

Nos olhos e na boca
Uma paz risonha
E na alma
Um vislumbre
De Eternidade...

MÃOS DE MÉDICO


Túnel do tempo
Para esta edição escolhido o poema de José Arrabal Fernandes

007/2015




Minhas mãos ficaram velhas,
Estão feias e queimadas,
Cheias de pintas senis,
Também, trabalharam tanto,
Mergulharam tantas vezes
Em solução detergentes,
Tantas luvas de borracha,
Nesta minha profissão,
E foi o que aconteceu:
Elas, depressa, ficaram
Muito mais velhas que eu.
Agora sinto remorso,
Não tive tempo vadio
Para lhes dar atenção.
Minhas tristes mãos fanadas.
As ferramentas usadas,
No meu ofício tão nobre,
Na medicina geral,
Mãos de velho,
Mãos de pobre,
Mas símbolos de grandeza,
Jamais usadas em vão.
Não roubaram, nem bateram,
Só souberam trabalhar.
Ás vezes ponho nos bolsos,
Mas, logo, me lembro e tiro,
Levanto-as alto pro ar,
É meu diploma de honra!
Mesmo feias, enrugadas,
São as marcas registradas
De uma vida a respeitar.

MÃE


Túnel do tempo
Para esta edição escolhido o poema de William Minassa Júnior. "Poesia semanal 06/2015



Palavra tão doce de ser pronunciada,
Mãe tu nasceste para mártir. Onde encontramos amparo
Tu geraste filhos Mãe!
Ás vezes dá a própria vida para nos salvar.
Tu és incansável com a gente.
Quando fatigada Mãe, tu pedes a Deus forças e
Continuas a lutar.
Tu não medes esforços para com a gente,
Mãe tu és como a rosa.
Cada filho teu é uma pétala,
Com o passar do tempo esta fica mais forte.
Tu embalas um filho grande como se ainda fôssemos
Crianças.
O tempo passa Mãe, mas nós sempre seremos
pequenos aos teus olhos.
Obrigado Senhor por minha Mãe e por todas as outras...
Mãe tu és a haste e nós as flores.
Tu és a vida, esperança, amor, paz e harmonia.
Tu és também ternura e poesia.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

CASAMENTO COM MEUS DEFEITOS


05/2015

Texto homenageado dessa semana

Autora: Renata Mofati

CASAMENTO COM MEUS DEFEITOS

Acordo fazendo um acordo com o desacordo de minha vida
Acordes de meu violão desafinam o que seria uma sinfonia

Entrego-me a um mundo “prego’
Digo sim ao que na verdade nego
Repito o que já foi dito
Faço do silêncio à vontade de dar um grito

Rôo as unhas, balbucio tolas palavras
Penso no que sou e em quem amava
Não vejo televisão
Mas sei exatamente o que ela diz
São os pensamentos mais sem noção
Que me deixam inutilmente feliz

Ouço o abrir da porta
Sinto-me sozinha em casa
Tudo o que vai, um dia volta
Dou-te a liberdade, mas não quer ter asa

Não tenho raiva de tuas toalhas penduradas
Nem de teus chinelos estranhos embaixo da cama
Nada posso cobrar, porque subo embriagada as escadas
E com outras pessoas amarroto o meu velho pijama

As cervejas estão fechadas na geladeira
À espera de mais um gole
Os medos estão em minha cabeça
Espero que não me julgue, não me amole

As rações dos peixes estão dentro do armário
Remexo o meu mundo ao reler o meu diário
Abro a porta para o nada sempre dou um sorriso
Não aceito a idéia de que crescer é ter juízo

Os anos passam, o aniversário também acaba
E o mundo que hoje me acende,
Amanhã também me apaga
Sou casada comigo mesma, com os detalhes de meus defeitos
Sou uma mistura de otimista e inconstante
Mas, me aceito e me tolero desse jeito

Nem sempre eu me entendo
E não é sempre que atendo
Não leio cartas já abertas
Não atendo campainhas em horas incertas

São poucas as coisas que cedo
Durmo tarde e acordo cedo
Prezo minha liberdade e sossego
Insistências me metem medo

Sou dos amigos, do mundo e do bar
Nem tudo gira em torno de um par
E assim... casada comigo mesma
Eu tento me suportar.

sábado, 5 de setembro de 2015

SER POETA > Lia Márcia



Poeta da semana > Lia Márcia Leite Amaro

004/2015



SER POETA

Poeta, eu?
Não, jamais serei.
Dizem que ser poeta
É saber traduzir em rima tudo da vida.

Poeta, eu?
Nem mesmo sei dar nomes
A meus versos sem rimas
E que ninguém saberá dar

Se ser poeta é saber escrever,
Jamais o serei, jamais
Se escrevo é para os que sabem
Amar e sentir minhas palavras.

Se ser poeta é saber amar
Em um dia, talvez,
Possa dizer com imenso orgulho:
Sim, eu sou poeta!

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

NÃO IMPORTA QUEM SEJA


Poeta mimsense > Gilson Rangel Rolim, poeta saudado na terceira semana sarau – Talento

003/2015

NÃO IMPORTA QUEM SEJA


Seja lá você quem for – preto, branco ou amarelo,
Não importa a sua cor nem o tom de seu libelo.
Importa ser solidário, ser um amante da paz.
De o amor ser um santuário e dizer: “não matarás!”

Seja lá você quem for – instruído, analfabeto,
Operário u professor - ter qualquer curso completo.
Importa o jeito de ser, ser, sobretudo gentil,
Ter na alma o bem-querer, ser humilde, não servil.

Seja lá você quem for – pobre, rico, remediado,
Homem da rua ou ator, ser loquaz ou ser calado.
Importa é trazer no peito gosto de dar abrigo;
Não ver apenas defeito em quem não é seu amigo.

Seja lá você quem for – da direita ou de esquerda,
Empregado, empregador, homem do lucro ou da perda.
Importa ser sempre justo, cultivar a afeição.
Procurar a todo custo trazer paz no coração!

domingo, 23 de agosto de 2015

DOR SILENTE - Soneto

002/2015 > Obra poeta mimosense
Homenageado da semana, - in - Maria Antonieta Tatagiba


DOR SILENTE > soneto


ACERVO DE FOTOS  Gerson França


Tem a expressão tranquila e mesta de um sol posto
Sobre um vale onde plange o sino da saudade,
Esta tristeza atroz que me anuvia o rosto
E que todo o meu ser tão fundamente invade.

É triste o meu olhar como este céu de agosto
Enevoado, a exprimir uma vaga ansiedade...
Nas pálpebras me pesa o chumbo de um desgosto
Profundo, sob um véu de vã serenidade.

Dentro em mim é gelada a escura atmosfera.
Nem prazeres nem luz neste tormento eterno
Em que somente a mágoa é que em minha alma impera

Em meus lábios, entanto, um sorriso persiste,
Como um raio de sol, descorado de inverno,

Tentando iluminar uma paisagem morta!

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

PENSAR





Foto configuração da Google +


POETA DA SEMANA
Homenageado, é Vitor Hugo Pires Nogueira


PENSAR

Se nós Homens
Nos julgamos suficientes
E com isso assumimos
Uma autoridade tirânica;
Saibamos que esta suficiência
É  limitada, é inconsequência.

De pensamos,
Que tudo se resume a nós,
Saibamos que não somos só a foz
Mas também a nascente e  leito,
E a podridãoo que flutua.
Que somos uma carga de meios
Sistemas e fórmulas e meneios
Que para o todo completo,
São só simples coisas e dialetos.

Se pensamos,
Que chorar é coisa dos fracos
E ficamos insensíveis sorrindo,
É porque, medrosos em horror
Ainda não descobrimos o amor
E vimos ele partir.

Sim, porque todos haverão do chorar,
Todos irão implorar,
O direito de ter uma lágrima
E um alguém
Por quem a derramar.

E talvez ainda não seja tarde,
Minh’alma borbulha revoltada,
A normalidade comum não me atinge em nada.
São flores mortas por veneno de antulhos.

A dor aflige meu corpo do pecado oriundo,
Meus olhos se molham com a realidade,
A mente se esgota em busca da verdade,
Ergo a loucura em forma de triunfo.

O mundo se desfaz em luzes de ozônio,
A terra cede sob meus pés caminhantes,
Meu peito chora um choro ululante,
Desfalece meu corpo, entrego-me ao sonho.
Ensombro-me sem dor no meu submundo,
Rezo a Deus com voz taciturna,
Culpo-me nas sombras de um poço sem fundo.
Lanço-me em vão sem tropeços

Na digna idade dos tempos.